sábado, 15 de novembro de 2008

HÁ, AINDA, QUEM NÃO ACREDITE NA CRISE DE VERDADE.

A origem desta crise é uma farsa
Qui, 13/11/08
por Paulo Moreira Leite (fonte)
categoria economia
Diante da mais nova apariação de Henry Paulson na TV, para anunciar mais uma utilidade para um pacote de US$ 700 bilhões de dólares que até o momento não conseguiu ter grande serventia, eu queria confessar uma coisa: os pacotes bilionários já não me deixam indignado — me enchem de tédio.
Sabe por quê?
Porque este fracasso era previsível e inevitável. Estou tão entendiado que não tenho ânimo para desenvolver raciocínios sofisticados nem para lembrar que o mundo é complexo. Tenho inveja de quem sente raiva. Cansei.
Qualquer cidadão que já tentou entender o funcionamento daquilo que se chama mercado aprendeu que em seu núcleo funciona um regime de alta irracionalidade, que movimenta verdades aparentes e realidades enganosas.
Pergunte a seus pais, a seus avós, leia as enciclopédias, talvez os almanaques. Pode ser que não exista outra forma para a economia criar progresso e prosperidade. Vamos combinar que talvez o capitalismo seja mesmo o pior sistema econômico com exceção de todos os outros. Mas não vamos nos enganar. Não é assim que a economia mundial vai sair do fundo do poço.
A história se repete ao longo dos pacotes — ao contrário do que gostam de dizer aqueles que não costumam ir além dos primeiros parágrafos de obras clássicas do pensamento político. Há três décadas, o discurso que enxergava no egoísmo do mercado a base para a criação de uma vida segura e próspera não expressava apenas uma visão errada das coisas. Erros se discutem e se corrigem. Esse discurso expressava uma farsa e uma fraude.
Já fora desmetido pela história e ridicularizado por crises e catástrofes sucessivas que acompanham a evolução da humanidade. Havia uma certeza entre quem falava e quem ouvia, um único compromisso honesto: os dois lados sabiam que eram palavras falsas e vazias.
Paulson é um homem de mercado que foi para casa com US$ 600 milhões de patrimônio pessoal depois de fazer carreira em Wall Street. Convidado para assumir o Tesouro americano, livrou-se de pagar imposto de renda sobre essa quantia, o que lhe garantiu um ganho extra de US$ 150 milhões.
No governo, tomou diversas iniciativas. Nenhuma deu certo. Quando enxergou a crise, o mundo estava desabando. Esse comportamento me deixa irritado. Ou revela ignorância — o que não ajuda. Ou expressa uma inocência dissimulada — o que é ainda pior.
Minha única esperança é que no futuro seja possível ser um pouco mais honesto — no fim deste pesadelo imenso, que talvez só esteja começando.
Saiba viver melhor lendo o que outros escrevem para você saber mais do que pensa que sabe.
Pedro Bueno

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