segunda-feira, 13 de outubro de 2008

ELEIÇÃO MUNICIPAL QUE VIRA FEDERAL

O jo­go de Ser­ra e Lu­la

A cri­se fi­nan­cei­ra mundial po­de mo­ver pe­ças cen­tra­is do jo­go po­lí­ti­co de 2010
A cri­se fi­nan­cei­ra in­ter­na­ci­o­nal, que co­me­ça a atin­gir com mais in­ten­si­da­de a eco­no­mia bra­si­lei­ra, de­ve in­flu­en­ciar as elei­ções de 2010. Se for con­ti­da en­tre o fi­nal de 2008 e o pri­mei­ro se­mes­tre de 2009, com o go­ver­no dos Es­ta­dos Uni­dos tran­qüi­li­zan­do o mer­ca­do, dan­do-lhe ga­ran­tia de con­ti­nui­da­de, a in­flu­ên­cia se­rá me­nor. En­tre­tan­to, se sal­va um se­tor do mer­ca­do, o fi­nan­cei­ro, o pla­no ame­ri­ca­no não vai evi­tar a re­ces­são, as­se­gu­ra o eco­no­mis­ta Ja­mes Gal­braith, fi­lho do keyne­sia­no John Ken­neth Gal­braith. A re­ces­são ame­ri­ca­na afe­ta di­re­ta­men­te o Bra­sil, um de seus par­cei­ros co­mer­ci­ais. Num qua­dro de cri­se fi­nan­cei­ra es­prai­a­da, as elei­ções de 2010 se da­rão num pa­ta­mar cer­ta­men­te di­fe­ren­ci­a­do. Aten­tos, os po­lí­ti­cos vão tra­ba­lhar com a pos­si­bi­li­da­de de dois ce­ná­rios: o de cri­se acen­tu­a­da e o de cri­se mais le­ve. Ao mes­mo tem­po, vão tra­ba­lhar pa­ra, des­de já, am­pli­ar su­as ali­an­ças po­lí­ti­cas.
Há dois es­tra­te­gis­tas mon­tan­do jo­gos com­ple­xos e per­cep­ti­vos. De um la­do, o go­ver­na­dor de São Pau­lo, Jo­sé Ser­ra. O tu­ca­no pau­lis­ta de­fi­niu, por ex­clu­são, seu ali­a­do pre­fe­ren­ci­al, o DEM do pre­fei­to de São Pau­lo, Gil­ber­to Kas­sab. Ao cris­tia­ni­zar Ge­ral­do Alckmin, tro­can­do-o por Kas­sab, Ser­ra deu seu re­ca­do ao mer­ca­do po­lí­ti­co: é le­al às ali­an­ças, cor­tan­do na pró­pria car­ne do PSDB que se re­be­la con­tra seu pro­je­to de re­to­ma­da do po­der e apoi­an­do o DEM pa­ra pre­fei­to da ca­pi­tal fi­nan­cei­ra do pa­ís. Nou­tras pa­la­vras, em tro­ca do pa­ís, Ser­ra es­tá abrin­do es­pa­ço, mais uma vez, pa­ra o DEM con­tro­lar a mai­or ci­da­de bra­si­lei­ra (o elei­to­ra­do pau­lis­ta­no é o do­bro do go­i­a­no). Pers­pi­caz, Ser­ra sa­be que, pa­ra der­ro­tar o can­di­da­to do pre­si­den­te Lu­la da Sil­va, não bas­ta ter o apoio do DEM. Por is­so atra­iu o “do­no” do PMDB pau­lis­ta, o ex-go­ver­na­dor e em­pre­sá­rio Ores­tes Quér­cia, pa­ra a ali­an­ça com Kas­sab. A ali­an­ça tem na mi­ra a su­ces­são de 2010.
Par­te do PMDB, por con­ta das pres­sões dos go­ver­na­do­res, mar­cha­rá com o no­me in­di­ca­do por Lu­la. Po­rém, se con­se­guir di­vi­dir o par­ti­do, ra­chan­do-o prin­ci­pal­men­te em São Pau­lo, Ser­ra te­rá al­gum lu­cro elei­to­ral. O ob­je­ti­vo, no fun­do, é “fe­char” São Pau­lo com o tu­ca­na­to, iso­lan­do o PT. Com uma ha­bi­li­da­de in­sus­pei­ta­da, por­que se pen­sa­va que Ser­ra era mes­tre ape­nas em mau hu­mor, tan­to que ga­nhou o ape­li­do de “Ur­ti­gão ca­re­ca”, o go­ver­na­dor apro­xi­mou-se de Aé­cio Ne­ves. O go­ver­na­dor de Mi­nas Ge­ra­is con­ver­sou com o PMDB, ar­ti­cu­lou com o PT, mas des­co­briu que seu ca­mi­nho, pe­lo me­nos por en­quan­to, é per­ma­ne­cer no PSDB, ain­da que sem chan­ce de dis­pu­tar a Pre­si­dên­cia da Re­pú­bli­ca.
Diz-se, co­mu­men­te, que o vi­ce de Ser­ra sai­rá dos qua­dros do DEM. Po­de ser uma in­ter­pre­ta­ção equi­vo­ca­da, pois o DEM per­deu di­men­são na­ci­o­nal, e tem ape­nas um go­ver­na­dor, Jo­sé Ro­ber­to Ar­ru­da, do Dis­tri­to Fe­de­ral. Mais, ao ob­ter o apoio de Ser­ra em São Pau­lo, Kas­sab e o DEM pra­ti­ca­men­te li­be­ra­ram Ser­ra pa­ra ar­ti­cu­la­ções nou­tra se­a­ra. As­sim, a ten­dên­cia é Ser­ra bus­car o vi­ce no pró­prio PSDB. O no­me mais ade­qua­do é o de Aé­cio Ne­ves. Não ape­nas por­que Aé­cio Ne­ves é jo­vem e mo­der­no, num con­tra­pon­to com Ser­ra, que se apro­xi­ma dos 70 anos, e sim, ba­si­ca­men­te, por­que go­ver­na Mi­nas Ge­ra­is, faz uma ges­tão bem-su­ce­di­da e o Es­ta­do tem o se­gun­do mai­or elei­to­ra­do do pa­ís. Jun­tos, São Pau­lo e Mi­nas têm 60 mi­lhões de ha­bi­tan­tes — são um pa­ís à par­te, em ter­mos po­pu­la­cio­nais e eco­nô­mi­cos. Se­pa­ra­dos dos ou­tros Es­ta­dos, for­ma­ri­am um pa­ís eu­ro­peu. En­tão, se “fe­char” São Pau­lo, com Ser­ra pa­ra pre­si­den­te, e Mi­nas, com Aé­cio na vi­ce, o tu­ca­na­to te­rá meio ca­mi­nho an­da­do pa­ra der­ro­tar “o” can­di­da­to de Lu­la. Res­ta sa­ber se Aé­cio vai tro­car uma elei­ção ga­ran­ti­da pa­ra se­na­dor por uma in­cer­ta e com­ple­xa aven­tu­ra fe­de­ral. Se for re­al a pos­si­bi­li­da­de de a re­e­lei­ção ca­ir, com a am­pli­a­ção do man­da­to pa­ra cin­co anos, Aé­cio cer­ta­men­te se em­pol­ga­rá com a vi­ce de Ser­ra. Se­não, na­da fei­to.
O pre­si­den­te Lu­la, as­sim co­mo Ser­ra, é um ex­ce­len­te jo­ga­dor, até por­que, ao con­trá­rio do que fez Fer­nan­do Hen­ri­que Car­do­so, não pre­ci­sou es­que­cer na­da pa­ra se fir­mar co­mo po­lí­ti­co na­ci­o­nal, num zo­o­ló­gi­co de fe­ras vo­ra­zes e es­per­tís­si­mas. Por ser há­bil e aten­to aos ven­tos de pos­sí­veis mu­dan­ças, e por­que sa­be que sua po­pu­la­ri­da­de, se tem o ca­di­nho pes­so­al, o bri­lho do in­di­ví­duo, re­sul­ta tam­bém do cres­ci­men­to sa­u­dá­vel da eco­no­mia, Lu­la não tra­ba­lha ape­nas com uma hi­pó­te­se po­lí­ti­ca. O jo­go mais ób­vio de Lu­la in­clui sua mi­nis­tra, o “pos­te” Dil­ma Rous­seff, tão rí­gi­da e pão-du­ra quan­to o fa­mo­so Car­va­lho Pin­to, de São Pau­lo (con­ta-se que Car­va­lho Pin­to era tão so­vi­na que, no dia do ad­ver­sá­rio da mu­lher, che­ga­va em ca­sa e di­zia: “Meu bem, ho­je va­mos al­mo­çar fo­ra; po­nha a me­sa no quin­tal”).
Ti­da, por mui­tos, co­mo uma es­pé­cie de be­del de es­co­la que es­ca­pou pa­ra a po­lí­ti­ca, Dil­ma even­tual­men­te sor­ri, ra­ra­men­te ri e ja­mais gar­ga­lha. “Meu no­me é tra­ba­lho e bron­ca” pa­re­ce ser o le­ma de sua vi­da. Mas sua “al­ma” téc­ni­ca, fa­zen­do um con­tra­pon­to com Ser­ra, po­de ser um trun­fo ar­ti­cu­la­do por Lu­la, com ba­se em pes­qui­sas de opi­ni­ão e son­da­gens no meio em­pre­sa­ri­al. O jo­go de Lu­la é mais ou me­nos es­te: en­tra com uma jo­ga­do­ra com cer­tas qua­li­da­des do ad­ver­sá­rio (o dis­cur­so tec­no­crá­ti­co), Ser­ra, e o téc­ni­co, o pró­prio Lu­la, vai ten­tar fa­zer a di­fe­ren­ça, com seus al­tos ín­di­ces de po­pu­la­ri­da­de.
Sa­be-se que nem Ge­tú­lio Var­gas e Jus­ce­li­no Ku­bitschek fo­ram tão po­pu­la­res quan­to o sur­pre­en­den­te Lu­la, “gen­te co­mo a gen­te”, diz a voz can­den­te das ru­as. Se não tem cul­tu­ra li­vres­ca cul­tu­ra que, por si­nal, não aju­dou o pe­dan­te Fer­nan­do Hen­ri­que Car­do­so a go­ver­nar bem , Lu­la na­da tem de nés­cio e tem a ra­ra ha­bi­li­da­de de apre­en­der os sen­ti­men­tos da so­ci­e­da­de e ca­na­li­zá-los.
O su­ces­so do pre­si­den­te re­sul­ta, em gran­de par­te, do fa­to de sa­ber tra­du­zir os sen­ti­men­tos po­pu­la­res. No­te-se as bron­cas fre­qüen­tes que tem da­do na se­le­ção bra­si­lei­ra de fu­te­bol. Diz exa­ta­men­te aqui­lo que o ta­xis­ta Ade­mar co­men­ta com o bar­bei­ro Ru­i­mar. Co­mo não quer mu­dar o po­vo, e sim cap­tu­rar sua voz e ma­ni­pu­lá-la, Lu­la en­ten­de co­mo nin­guém os hu­mo­res das ru­as. Por is­so, se per­ce­ber que Dil­ma não sai do lu­gar, por con­ta de seu es­ti­lo de be­del de co­lé­gio, Lu­la vai jo­gar nou­tro cam­po.
fonte: jornal Opção 13/10/08
Pedro Bueno

O PFL AINDA DÁ AS COORDENADAS NO PSDB

Talvez vá explorar esse tema, pois se você se envergonha de seus parceiros então...
Outro fato é que com isso o PSDB dá uma demonstração mais uma vez de tubieza.
KASSAB ISOLA CACIQUES DO ANTIGO P.F L.

O comando da campanha pela reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), decidiu excluir do palanque e dos programas eleitorais gratuitos na tv os principais caciques do antigo PFL.
A avaliação é que o chamado “antiquário do DEM” -expressão dos tucanos que orientam a campanha, pois não traria benefício à imagem de Dassab e só prejudicaria seu desempenho eleitoral. O prefeito lidera as pesquisas de intenção de voto na disputa com Marta Suplicy.
Devem ficar fora do palanque do DEM em São Paulo tradicionais nomes do partido como o ex-senador Jorge Bornhausen (SC), o prefeito do Rio, César Maia; o senador e ex-vice-presidente da República Marcos Maciel ( PE); e o líder na câmara, ACM Neto (BA).
O comando da campanha pela reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), decidiu excluir do palanque e dos programas eleitorais gratuitos na tv os principais caciques do antigo PFL.
A avaliação é que o chamado “antiquário do DEM” -expressão dos tucanos que orientam a campanha, pois não traria benefício à imagem de Cassab e só prejudicaria seu desempenho eleitoral. O prefeito lidera as pesquisas de intenção de voto na disputa com apetista Marta Suplicy.
Devem ficar fora do palanque do DEM em São Paulo tradicionais nomes do partido como o ex-senador Jorge Bornhausen (SC), o prefeito do Rio, César Maia; o senador e ex-vice-presidente da República Marcos Maciel ( PE); e o líder na câmara, ACM Neto (BA).
Os organizadores da campanha decidiram que a presença de caciques ficará a poucos tucanos como o governador Serra. E o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Um dos coordenadores informais da campanha é justamente Bornhausen.
O próprio DEM já decidiu que não vai atrapalhar a campanha de Kassab, mesmo que isso signifique a ausência de antigos líderes.
- Não vamos entrar no jogo de Marta, de ficar chamando líderes do ex-PFL de caciques, para tentar aticonstituído para renovar o partido. Hoje o Democrata é um partido renovado- disse o presidente nacional do DEM, o deputado Rodrigo Maia (RJ).
(Gerson Camarotti (O Globo- dia 13/10/08)).
Pelo visto, no primeiro turno tiveram de chamar a "cacicada" do PFL, hoje DEM, para colocar a casa em ordem.
O Rodrigo Maia, mais se parece como uma figura decorativa ao dizer que o PFL de hoje é renovado, mas mas está sem liberdade de caminhar, ainda mais com as sucessivas intervenções dos velhos,que ainda mandam. E como mandam!
Saiba viver melhor lendo o que outros escrevem para você saber mais do que pensa que sabe.
Pedro Bueno