domingo, 9 de março de 2008

FALANDO DE ESPORTE



MEU TEMPO
Comecei a gostar do Vasco da Gama a partir do ano de 1948 (faz tempo, né?), quando ainda era menino e só tinha conhecimento sobre futebol através das ondas da Rádio Nacional, no programa "NO MUNDO DA BOLA", com António Cordeiro, na apresentação. Naqueles tempos ainda não tinha energia elétrica em todos os lugares da cidade e muito menos no campo. Só sei que o rádio era alimentado por uma bateria grande e, para uma melhor sintonização, saía um fio comprido e era esticado por uma vara de bambu e das mais altas possíveis. Isso em vários lugares da região do sul de Minas. Agora, nesse momento, não sei dizer se era por falta de energia elétrica ou se os aparelhos de rádios, que eram importados, só vinham acompanhados de bateria, pois não vinham preparados para ser acionados por energia elétrica.

VAMOS LÁ:

Mas foi numa final realizada em General Severiano, que passei a torcer para o Vasco da Gama, pois fiquei com pena dele devido a derrota por 3 x 1 para o "Glorioso" ou "Estrela Solitária", isso em 1948. Se me lembro bem, os gols foram de Paraguaio 2 e Pirilo 1, sendo que o do Vasco foi um gol contra de Ávila, um centro médio, conforme era classificado na época. O Botafogo jogou com a seguinte formação: Osvaldo, Gerson e Santos; Arati, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirilo, Otávio e Braguinha.

Quanto a escalação do Vasco, apesar de ter torcido para ele, me parece que tenha sido essa a formação: Barbosa, Augusto e Wilson. Eli, Danilo e Jorge. Friaça, Maneca, Ademir e Chico. Bem, está faltando um, gente!. Quem souber, por favor me informe.

Pelas narrações de Jorge Cury e Antônio Cordeiro, o Botafogo jogou tão bem que fiquei com muita pena do Vasco e daí....até hoje sou Vascão, o da Cruz de Malta.

Meus familiares da época, eram todos torcedores do fogão, apenas eu e mais tarde outro irmão passou a torcer também pelo time cruzmaltino. Confesso que realmente fiquei com muito dó do Vasco. Quando vi pela primeira vez a foto no jornal a camisa branca com aquela faixa diagonal, aí então mais que me apaixonei por esse grande Clube, que salvo engano, tem hoje 10 milhões de torcedores por todo o Brasil. A história do Vasco é muito bonita., basta dizer que foi o primeiro Clube que aceitou ter negros nos seus times.

PEREGRINAÇÃO:

Bem, voltemos a falar de torcedor: Eis que torcer é uma peregrinação, mas torcer pelo Vascão é uma glória. Torcer é ser xingado, ser gozado, xingar e gozar também. Ficar nervoso, roer as unhas, reclamar do preço do ingresso, mulher ou namorada reclamando e jogando praga e que por castigo iria torcer pelo adversário. Salário curto, quase não dando para ir ver o seu time. A sorte eram os vales do patrão. Enfrentar trem lotado, cheio de torcedores do outro time e cantando o hino do clube deles. Ser torcedor é achar que o Juiz é safado, que não houve impedimento. Nosso jogador estava 1 metro atrás da zaga, mas na visão do torcedor o Juiz mais uma vez errou, pois no mínimo nosso jogador estava na mesma linha. kkkk ! Peregrinar era ouvir o Mário Vianna gritar que o gol do adversário: " GOOL LEEGAAL!". Que o jogador que fez o gol do adversário veio da figura A para a B e sei lá mais o quê! Bem, quando é a nosso favor parece que o som é melódico e refinado com Jorge Cury gritando: Goooolaçoaçoaço!!! Tem mais ainda na peregrinação do torcedor, principalmente vascaino: É quando se percebe que o narrador é flamenguista, que o Gilson Ricardo fica secando atrás do gol do Vasco. Dessa forma eu, como bom vascaino, mudo de estação, mas.... não adianta, só encontro flamenguista narrando futebol!!

QUANDO NÃO ERA PEREGRINAÇÃO

Mas apesar de tudo, com menos intensidade, sou torcedor do Vasco. Sei que não temos mais Ademir( queixada, como dizia o Jorge Cury), Maneca, Ipojucan, Barbosa (Eu estava na arquibancada atrás do gol e senti uma dor quando houve o acidente com ele, como se fosse comigo), Roberto Dinamite, Danilo, Vavá, Sabará,Tesourinha e por aí vai. Ver esses jogadores já não era peregrinação. Vi também adversários que apaixonam qualquer torcedor, como Júnior, Zico, Garrincha, Castilho, Pelé, Coutinho, e muitos e muitos mais que faziam que não fosse uma PEREGRINAÇÃO ir vê-los jogar. Sou vascaino, mas fui ver a volta do Didi, quando retornou da Espanha, assim como o Roberto Dinamite. Esse então, até nos juvenis eu vi jogar.

NÃO QUERO AGRADAR NÃO, MAS JÁ TEVE OCASIÃO QUE TORCI PARA O FLAMENGO EM DETERMINADAS SITUAÇÕES, COMO EM 82, NO JAPÃO.
SER TORCEDOR era e é, ainda, ouvir NARRADORES brilhantes, através do Rádio. Eles nos passavam e os de hoje também nos passam, aquela imagem de como se estivésssemos em algum lugar do estádio, seja na arquibancada ou até mesmo atrás do gol, quando o reporter de campo confirmava o que o locutor lá da cabine narrava. Hoje penso que naqueles tempos, muitas fatasias nos eram passadas e com isso sonhávamos com o gol do nosso time, conforme a entonação da voz de um Jorge Cury, por exemplo. Também sofríamos no sentido contrário, logicamente. Hoje usam recursos eletrônicos. Tubo bem, o ROMANTISMO DO FUTEBOL SERÁ PERENE.


VEJAM ABAIXO:


Vejam os jargões criados por eles. Talvez eu deixe de mencionar alguns.
1)Tem peixe na rede... indivíduo competente !! A bola está lá dentro....
2) Pimba na gorduchina !!
3) O relógio marcaaaa !!
4)Golaaçoaçaoooo!!

5)Tá lá dentroooo!!!

6) Que lindoooo!

7) É disso que o povo gosta!!!

8) Estão desfraldadas as bandeiras...!!!

9) Ô Mário Viana!!!

10) Gôooooooo legaaaaal !!!! ( Só a favor do Flamengo, né Mário!)





Bem, faltam muitos, mas quis mencionar alguns e ficou faltando os de São Paulo, principalmente. ( Me mandem, por favor).


Pedro Bueno e como podem ver, sou vascaino e gosto muito do futebol, mas não mais vou aos estádios.