terça-feira, 30 de dezembro de 2008

COMENTÁRIOS DE ELIO GASPARE -dezembro 2008

<strong>OPINIÃO
Lula 2.0 tem a voz do velho sindicalista
ELIO GASPARI
Na noite de segunda-feira Nosso Guia fez ao mesmo tempo uma prestação de contas do governo Lula 1.0 e o discurso de posse de Lula 2.0. Um mostrou resultados, o outro ofereceu esperança.
Poucos presidentes puderam dizer como ele: "De 2003 para cá, o salário mínimo cresceu em termos reais 51% e o emprego também cresceu fortemente. Em 2007, batemos um recorde: 1 milhão 812 mil novos empregos com carteira assinada. Em 2008, novo recorde: até outubro, 2 milhões 148 mil empregos. Resultado: a taxa de desemprego caiu de 12,3% em 2003 para 7,6% em outubro de 2008. (...) Mudamos de cara e de astral."
Pode-se avaliar a distância que separa o Lula 1.0 do 2.0 quando se vê que, no mesmo dia em que sua fala foi ao ar, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged, informou que em novembro passado perderam-se 41 mil empregos formais. Pior: enquanto Lula falava à tarde num crescimento de 4% para 2009, o Banco Central informava que a previsão de seus sábios baixa a bola para 3,2%.
Deixando-se de lado leviandades verbais como a "marolinha", Lula artilhou-se na estratégia certa de combate à crise: deve-se estimular o consumo e o governo deve ser o indutor do resgate. Se a banca internacional e seus fâmulos nativos não estivessem mudos e quebrados, esmolando na porta do companheiro Obama, essas posições de Nosso Guia seriam vistas como excentricidades populistas. Infelizmente, Lula 2.0 tem amarrada à perna esquerda a bola de ferro de um organismo extraconstitucional chamado Copom. Um dia alguém fará a conta e descobrirá que essa invenção do tucanato causou mais males ao Brasil que as tropas de Solano Lopez. Não contentes com a marca da maior taxa de juros do mundo, conseguiram também a excentricidade de terem sido os únicos a subir a Selic enquanto o resto do mundo reduzia suas taxas ao longo do ano.
Colocando-se acima do poder republicano do presidente (por abdicação do titular), os Copomitas refletem a anarquia financeira da mesma forma que, durante a ditadura, os superpoderes do Alto-Comando do Exército refletiam a anarquia militar. Com uma diferença: a anarquia financeira derreteu a economia mundial. Nosso Guia diz muito bem quando fala em jogatina "desavergonhada". O doutor Henrique Meirelles e os seus colegas de Copom chamam essa mesma coisa de "mercados".
O discurso de fim de ano de Lula 2.0 teve um grande momento:
"É imprescindível que os trabalhadores defendam a produção e o emprego."
A frase é ambígua, mas na hora em que o presidente da Vale, doutor Roger Agnelli, comemorou os 40 anos do AI-5 sugerindo "medidas de exceção" para as relações trabalhistas, nada melhor do que o discreto reaparecimento de um velho líder sindical. Se os trabalhadores não prestarem atenção, o mesmo empresariado que vai ao BNDES pegar o dinheiro do FAT a juros camaradas, haverá de tungar seus direitos trabalhistas. Acabarão retardando o recolhimento de impostos e antecipando a renegociação das horas extras. Agnelli gostaria que o governo passasse a faca na proteção que as leis dão ao trabalho, assim como a Fiesp gostou quando a ditadura passou a faca nas garantias individuais da patuléia. Depois, quando a História aparece com a conta, bota-se toda a culpa nos militares ou na reforma trabalhista do governo Lula.
Texto publicado no Globo de hoje.

Apesar de tudo, o Brasil tem crescido.
Que os ciganos da nossa economia errem sempre, como agora.

DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA acaba em 2010?

CONTRIBUIÇÃO
Déficit da Previdência será zerado em 2010, prevê ministro

Se a economia crescer 4% em 2009, meta estabelecida pelo governo, a previdência ficará no azul pela primeira vez desde 1985 na modalidade urbana. É o que espera o ministro da Previdência Social, José Pimentel. Apesar da crise econômica que atinge mercados em todo o mundo, o ministro disse que o cenário para 2009 é “muito bom” e afastou a possibilidade de queda na contribuição.
“O mercado nacional continua crescendo bem, continua aquecido e temos dois setores que são muito importantes para a geração de empregos e para a Previdência Social: a agricultura, que já esta planejada e estruturada para enfrentar a crise, e a construção civil. A construção vai ter que crescer no mínimo 10% em 2009 para dar conta da demanda que está posta”, analisou Pimentel em referência ao convênio firmado entre o governo federal e a Caixa Econômica Federal para facilitar a compra da casa própria por servidores públicos da União.
A aposentadoria rural, por definição constitucional, é subsidiada e não pode ser superavitária já que entre essa categoria não há contribuição. “De 2006 para cá, temos tido uma redução significativa do déficit da Previdência. Isso é resultado de três grandes ações: o crescimento econômico, a formalização dos contratos de trabalho e uma boa gestão combatendo as fraudes e o desperdício”, afirmou o ministro.
Em 2008, segundo Pimentel, o déficit geral da Previdência fechou em R$ 37 bilhões, R$ 7 bilhões a menos do que era esperado para o período.
Agência Brasil
Apesar de tudo, o Brasil tem crescido.
Que os ciganos da nossa economia errem sempre, como agora.

FALANDO COM O PRESIDENTE

Apesar de tudo, o Brasil tem crescido.
Que os ciganos da nossa economia errem sempre, como agora.CAFÉ COM PRESIDENTE
Presidente Lula faz balanço positivo de 2008

Ao fazer um balanço de 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou que o ano foi bom, mas não ótimo para o brasileiro e que, no período, o país cresceu “economicamente” e “fortemente”. Ele disse que, até o dia 20 de janeiro, vai apresentar novas propostas de incentivo ao crescimento econômico e que o governo “não vai ficar esperando” que os “efeitos perversos” da crise abalem o país.
Durante seu programa semanal de rádio Café com o Presidente, Lula lembrou a criação de quase 2,2 milhões de empregos até outubro passado, o que, segundo ele, gerou mais renda e possibilitou o crescimento do comércio.
“Significa que o Brasil teve um ano bom. Não vou dizer ótimo, mas um ano bom. Apenas no último trimestre é que nós tivemos um problema – já resultado da crise mundial – muito mais por falta de crédito internacional.”

Ouça a íntegra do programa.




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